04 • janeiro • 2017

O que temos em comum com Taryn Brumfitt?


EDITORIAL – Sempre vi verdadeira relação entre fogões e computadores. Calma. Explico. Não sou das frequentadoras mais assíduas de cozinhas. Não diria que por falta de vontade. Mas por falta de oportunidade. No entanto, nas poucas vezes em que pude me aventurar nesse ambiente da casa, percebi o quanto tal comparação produtiva fazia de fato sentido. Para mim, estar entre receitas e preparos não é diferente de estar entre leads e deadlines, em outras palavras, entre o primeiro parágrafo e o ponto final para a publicação de um texto, simplesmente por achar que escrever e cozinhar são ações que procuro fazer para o deleite alheio.

Mas pensar no outro não significa descartar, ignorar o paladar próprio, não. Afinal, nada melhor que encerrar mais um dia tendo a certeza de que não trocaria uma vírgula sequer daquilo que publicou. Penso que a satisfação de um chef é a mesma ao ver o sorriso de alegria do cliente que almoçou ou jantou seu prato. E, claro, o meu deleite em relação à escrita alheia sempre causou inúmeras sensações. Entre elas, aquela que gera o pensamento: como eu queria ter escrito isso!!! #QuemNunca?!

Essa semana, uma publicação chamou a atenção ao passar pela minha timeline do Facebook. Um trailer que me levou a um texto. E outro. E outro. E outro. Publicações que me fizeram conhecer e entender a história que adoraria ter tido a chance de contar aqui antes, e por vários motivos, para o deleite de você que nos acompanha. E, pela primeira vez, mais do que um texto, me apeguei a um projeto que queria ter tido a oportunidade de conceber.

Fotógrafa de Adelaide, uma cidade na costa Sul da Austrália, Taryn Brumfitt se tornou ativista de imagem corporal com o propósito de contribuir para o fim da epidemia global de odiar o corpo. O gatilho foi a publicação de duas imagens, em 2013, digamos, pouco convencional de “antes e depois”. Em uma época em que mães posavam e compartilhavam a boa forma acompanhadas de filhos recém-nascidos, a australiana, mãe de três crianças, que por vezes participou de concursos de beleza e ostentou o corpo escultural, decidiu mostrar a nova forma física sem se importar com os quilos adquiridos. A imagem que abraçava a diversidade do corpo foi vista por mais de 100 milhões de pessoas em todo o mundo, gerou um frenesi e despertou o interesse da imprensa internacional.

O antes e depois de Taryn Brumfitt que causou frisson em todo o mundo - Fotos: Google Imagem

O “antes e depois” de Taryn Brumfitt que causou frisson em todo o mundo – Fotos: Google Imagem

E aquela mulher que chegou a odiar o próprio corpo, e que no início daquele mesmo ano, cogitou fazer duas cirurgias plásticas – o plano era realizar procedimentos no abdômen e seios -, reconsiderou, refletiu e, em tempo, reconheceu que podia ir além. Taryn então pediu para 100 mulheres que descrevessem seus corpos com apenas uma palavra. E entre outras coisas ela ouviu: repugnante; flácido; imperfeito; pequeno; e desmazelado. E desde então a ativista se comprometeu a propagar mensagens para que as pessoas parem de absorver as mensagens que a indústria da beleza insiste o tempo todo promover e divulgar.

Taryn apostou tudo na missão de convencer mulheres a se amarem da maneira como são. Foi dai que surgiu o “The Body Image Moviment (BIM) que em tradução livre significa Movimento da Imagem do Corpo. Uma cruzada internacionalmente reconhecida fundamentada na crença de que o corpo não é um ornamento e sim o veículo para a concretização de sonhos. Com o BIM, Taryn saiu mundo afora reforçando a ideia de que todos têm o direito de amar e abraçar corpo que tem, independentemente da forma, tamanho, etnia ou habilidade.

Agora me diz: – É ou não é um projeto daqueles que dão gosto de ver e desejo de pertencer? Taryn viajou pelo mundo espalhando sua mensagem de amor ao próprio corpo.  Ocasião em que conversou com especialistas, mulheres nas ruas, e com personalidades sobre as taxas alarmantes de questões de imagem corporal vistos em pessoas de todos os tipos físicos. Entre as entrevistadas pela ativista estão nomes como: Mia Freedman, a mais jovem editora da edição australiana de Cosmopolitan; Harnaam Kaur: a dama barbada; Nora Tschirner, a professora Marika Tiggemann; Amanda de Cadenet, apresentadora de talk shows no Reino Unido; a blogger de imagem corporal Jess Baker; E a palestrante motivacional Turia Pitt.

Toda essa experiência deu origem a um documentário chamado “Embrace” [que traduzido para o português quer dizer abraçar] e que vai fundo na questão comum por aqui ou em qualquer outra parte do mundo: “Por que se tornou tão normal ver pessoas rejeitando seus corpos?” O filme contou com uma valioso financiamento coletivo. E uso a palavra “valioso” porque compreendo que o efeito social dessa mensagem é simplesmente inestimável. Pelo que li e reli, trata-se de um longa relevante, envolvente e que acima de tudo propõe mudança de vida. No vídeo acima você vê a produção criada para chamar a atenção para o financiamento coletivo. E no vídeo abaixo está o trailer oficial do documentário.

A estreia mundial aconteceu dia 4 de agosto de 2016, no Festival de Cinema de Sidney. E Embrace ficou entre os cinco melhores na categoria “Diretor”. E foi também indicado ao prêmio Documentary Austrália Foundation na categoria “Melhor Documentário”. Disponível em DVD e Online apenas na Austrália e na Nova Zelândia, desde 30 de novembro, o filme estreia semana que vem em dois países da Europa, dia 14, na Inglaterra, e dia 22, na Irlanda. Já na América, após ser exibido nos Estados Unidos, em setembro do ano passado, dia 14 de fevereiro o documentário será lançado no Canadá.

Segundo informações do BIM, a expectativa é que no início de 2017 o filme seja disponibilizado em plataformas online. Torço muito por isso. Enviei ontem uma mensagem para Taryn e sua equipe perguntando se o filme será enviado para o Brasil. Recebi uma reposta automática dizendo que o recesso de fim de ano só terá fim na próxima segunda-feira (9). Mas aguardo uma resposta e certamente vou compartilhá-la no Moda.

Toda essa repercussão que a Taryn tem tido com o seu belíssimo projeto causa em mim uma outra sensação. Aquela do: É isso!  Vai dar certo! Talvez não tenha tido uma ideia tão brilhante quanto a Taryn, afinal, ela tem levando sua mensagem pelo mundo todo e isso virou até mesmo um documentário. Mas, vejo algo em comum entre nós, o forte desejo de despertar nas pessoas o amor próprio. Enquanto a missão de Taryn é promover “abraços”. É missão [bem modesta] do Moda Sem Crise levar a campanha #SouLindaAssim onde ela puder chegar. E 2017 será o ano de traçar novos rumos para ver esse projeto ser também fator de mudança na vida de quem alcançar.

Em 8 de março de 2016, colocamos a campanha #SouLindaAssim no ar, para celebrar o 1º Dia Internacional da Mulher do Moda Sem Crise. O projeto contou com a participação de duas convidadas, a jornalista Elaine Paiva e a professora Fabiana de Souza. Eu e Edilene Ribeiro produzimos tudo e nosso amigo, parceiro e fotógrafo Edson Lopes Jr., foi quem registrou o ensaio que aconteceu em um estúdio localizado no Cambuci, região central de São Paulo. Na ocasião foram publicadas as histórias de Elaine e Fabiana e a relação que mantinham com seus corpos [no final deste texto tem o link do texto de lançamento da campanha e nele há link dos relatos publicados].

Fabiana à esquerda e Elaine à direita foram as estrelas da 1º edição da campanha #SouLindaAssim - Fotos: Edson Lopes Jr.

Fabiana (à esquerda) e Elaine (à direita) foram as estrelas da 1º edição da campanha #SouLindaAssim – Fotos: Edson Lopes Jr.

Durante os vinte dias que se seguiram, leitoras e seguidoras foram estimuladas a postarem fotos usando a hashtag que dava nome à campanha com o propósito de romper com padrões e esteriótipos a favor da felicidade. Para nós foi um momento ímpar. Chegamos até a receber um e-mail da produção do programa da TV Globo “Encontro com Fátima Bernardes”. Nem preciso dizer o tamanho da euforia não é mesmo?! Não aconteceu. Pediram que enviássemos as imagens dos dois ensaios e que a exibição seria linkada a uma outra pauta que, infelizmente, acabou caindo – não deu certo. Mas foi bacana sentir mais essa sensação causada pela carreira que escolhi e pelo projeto Moda Sem Crise que tanto amo. Penso que aquele ainda não era o momento certo para novos passos e altos voos.

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#SouLindaAssim – Amigas e familiares nos apoiaram e enviaram imagens – Fotos: Arquivos Pessoais

Por isso, este ano, estamos trabalhando para que a produção da nossa campanha passe por um upgrade. E não vou negar esforços e determinação para que isso ocorra. E com a colaboração de cada um, tanto da equipe Moda Sem Crise [Elaine, Fernanda, Sabrina, Ana Paula, Maria Helena, que também encabeçam essa ação, nossas colunistas que nos prestam tanto apoio, além de parceiros e colaboradores], quanto de você leitor que nos acompanha, curte, comenta, se envolve e compartilha, tenho convicção de que vamos juntas transformar vidas ao tocar pessoas.

Quer saber o que espero para 2017? Para a vida? Espero escrever histórias para o seu deleite. Espero contar histórias inspiradoras. Espero ser parte dessa transformação na qual Taryn Brumfitt também aposta. Espero tocar corações! Eu não poderia estar mais feliz! #Feliz2017… Aguardem as novidades que vem por aí!!! ; )

Beijos,

Marcela

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