12 • outubro • 2016

Brechós brasileiros: As crianças crescem e o interesse dos pais por brechós infantis também


ESPECIAL – Quem nunca, nos tempos de criança, herdou ou viu alguém herdar aquela peça de roupa que inevitavelmente ao crescer deixou de servir? Presumo que seja difícil encontrar um adulto que não tenha vivido na infância essa prática. Uma peça passava por dois, três, ou quantos donos fosse possível. Presumo também que essas peças circulassem entre membros da mesma família e no máximo entre amigos. Mas hoje, com as novas formas e possibilidades de consumo, a roupinha que já não serve aqui, pode ser adquirida por outra família lá longe. É o advento da internet impulsionado cada vez mais a venda, troca e doação de roupas de bebês e crianças por meio de brechós infantis virtuais ou físicos.

Para o idealizador do Ficou Pequeno, Alexandre Fischer, além de convenientes, já que as crianças crescem rápido perdendo suas roupas na mesma velocidade, os brechós infantis seguem a tendência do consumo consciente. “Uma coisa está diretamente ligada a outra. Quem começa a vender para recuperar parte do investimento feito ou para liberar espaço em casa, acaba descobrindo que é muito legal pensar duas vezes antes de comprar por impulso ou acaba se desapegando com muito mais frequência do que não usa, fazendo girar a roda do consumo sustentável. Já quem começa a desapegar por conta do consumo consciente, descobre que também é uma excelente forma de recuperar parte dos recursos gastos e renovar o guarda-roupa com economia”, explica. Ainda segundo Fischer, é cada vez maior o número de famílias aderindo a essa forma inteligente e divertida de comprar e vender. “O número de participantes do site não para de crescer.”

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Espichamos.com | Foto: Tati Pugliese

Defendendo o consumo responsável e colaborativo e interessadas em acompanhar de bem de perto o crescimento de seus filhos, Vanessa Delpy e Viviane Araújo, em 2014, apostaram no segmento online. Juntas as primas colocaram no ar a plataforma Espichamos.com. Este ano Heloisa Godoy, que após ser mãe, assim como a dupla de amigas, também sentiu a forte necessidade de mudar o estilo de vida profissional e assumiu papel de sócia ao entrar para o time.

Para as três, o ramo de negócios tem se fortalecido rapidamente. “Famílias e escolas estão se dão conta da importância dessa prática para o tipo de cidadãos que estão formando. As pessoas têm procurado comprar menos itens, investindo em produtos de melhor qualidade e feitos para durar. E a personalização [customização] de roupas e objetos é excelente para inserir a criança nessa moda sustentável”, afirmam as sócias que são unânimes em dizer que não há como negar que o reaproveitamento de roupas é um importante aliado da renda familiar. “No cenário econômico em que vivemos, com um grande número de desempregados e despesas altas, a moda colaborativa tende a ganhar mais espaço.” Oportunidade inclusive para que famílias conversem com as crianças desde cedo sobre solidariedade, dinheiro e sustentabilidade.

Segmento cresce enfrentando barreiras

No Brasil o modelo de consumo colaborativo tem crescido, basta pensar em serviços como, por exemplo, Uber e Airbnb. Mas ainda é grande o desafio quando se fala em compartilhamento de objetos entre os brasileiros. Neste caso, segundo Viviane, Vanessa e Heloisa, o cenário é restrito. Mas a boa notícia é que brechós físicos e online, grupos de desapego, redes familiares, feiras de trocas e marketiplaces colaborativos estão cada vez mais atrativos. E são inúmeras as opções para quem deseja praticar o consumo de modo mais consciente por qualquer que seja o motivo. “O consumo consciente e o slow fashion provocam no consumidor o desejo por menos e melhores peças, assim como maior transparência na cadeia produtiva. Num sentido mais amplo, esses e outros movimentos relacionados, como moda sustentável, moda ética e moda agênera, além do consumo colaborativo, tem muito espaço para crescer por aqui”, afirmam as sócias. “Comprar menos e melhor, desapegar do que não cabe mais, renovando recursos e gerando economia faz deste modelo um ciclo onde todo mundo ganha”, completa Fischer.

Comércio X Afeto

Então, talvez você se pergunte: – Será que é tão fácil se desapegar daquela roupinha de bebê? Ou, como fica a questão afetiva? Alexandre Fischer afirma que este é um ponto importante no negócio. “A maior parte das peças anunciadas e vendidas no Ficou Pequeno possuem carga afetiva e valor sentimental muito grande. Talvez por isso, a maioria das pessoas sempre envia um cartinha escrita a mão desejando felicidades para os novos donos dos produtos. Apelidamos de comércio afetivo”, conta.

Viviane, Vanessa e Heloisa são categóricas ao afirmar que as famílias têm sofrido menos conforme percebem que a história daquela roupinha, que as fazem lembrar de momentos marcantes da vida de seu filho, continuará a ser contada com as experiências de outras crianças. E o universo dos bebês e crianças vão além de roupas. Nesta dá para trocar brinquedos e outros itens importantes, como carrinhos de bebês, cadeirinhas, banheiras e muito mais!

Empreendedora de MG dá primeiros passos

Nas grande cidades estamos acostumados a ver brechós e não é de hoje. Mas já parou para pensar como esse tipo de negócio se dá em cidades menores e afastadas dos centros mais populares?

Empreendedora, Renata Carvalho, que vive em Pouso Alegre, em Minas Gerais, cidade com pouco mais de cem mil habitantes, dá os primeiro passos no segmento. Mãe de duas crianças, uma de quatro anos e outra de um ano e nove meses, Renata concilia suas atividades com o brechó infantil Ficou Apertado.

“É tudo muito novo por aqui, na cidade existem três brechós. As pessoas ainda têm um pouco de preconceito, mas aos poucos acredito que irá mudar. As pessoas começam a ver a qualidade, o estado de conservação e principalmente o preço e com isso a procura tem aumentado significativamente”, conta. Para o futuro a ideia é ampliar o negócio. “Atualmente o brechó é online, tenho uma fanpage e o divulgo em grupos de vendas no Facebook. Mas estou adequando minha garagem para torná-lo físico também”, completa.

Confira dez endereços de brechós infantis virtuais e físicos

Espichamos.com: Oferece espaço para que famílias anunciem venda ou troca de artigos infantis.

Ficou Pequeno: Loja online para comprar e vender produtos de bebês, crianças e mamães.

Repeteco: Loja que mistura o conceito de brechó e ponta de estoque.

Ficou Apertado: Loja de venda de artigos infantis.

Pistache: Venda de roupas novas e seminovas nacionais e importadas.

Xereta: Venda de peças que vai desde de recém-nascidos a 16 anos.

Secund Hand: Comercializa peças para crianças desde recém-nascidos até os 12 anos.

Era uma vez outra vez: Vende produtos como roupas e brinquedos e decoração, artigos nacionais e importados.

Retroca: Plataforma onde é possível comprar e vender roupas para bebês e crianças até 12 anos.

Bolota: Oferece compra e venda de artigos infantis novos e seminovos

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Foto: Thalita Bottari | Site: thalitabottarifotografia.com | Ensaio “As aventuras do Theo”

 




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2 Respostas para "Brechós brasileiros: As crianças crescem e o interesse dos pais por brechós infantis também"

Brechós Brasileiros: No radar Londrina (PR) e as cidades gauchas Agudo e Pelotas (RS) — Moda Sem Crise - 18, novembro 2016 às (03:43)

[…] AS CRIANÇAS CRESCEM E O INTERESSE DOS PAIS POR BRECHÓS INFANTIS TAMBÉM […]

Brechós brasileiros: A veterinária de Floripa que virou Baú Coletivo — Moda Sem Crise - 22, fevereiro 2017 às (15:49)

[…] AS CRIANÇAS CRESCEM E O INTERESSE DOS PAIS POR BRECHÓS INFANTIS TAMBÉM […]

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