13 • fevereiro • 2017

Senai Mix Design: Tendências e inspirações para a Primavera – Verão 2017/2018


NEGÓCIOS DE MODA – O Centro de Design e Moda do Senai acaba de divulgar o resultado de sua pesquisa de macrotendências de comportamento e consumo que servirá de inspiração e tendência para as coleções Primavera/Verão 2017/2018 das indústrias brasileiras do vestuário, calçados e acessórios masculino, feminino e infantil. O trabalho desenvolvido pela equipe de profissionais Alessandra Lanzeloti, Débora Catelani e Regina Wypych indica a temática Nexo e três direções como caminho: Conectar; Desconectar; e Reconectar.

“Essa pesquisa é bastante ampla. A gente faz uma pesquisa sobre o que está acontecendo no mundo. Fizemos viagens internacionais. E a gente busca cruzar diversas cartelas de cores e fazer a tropicalização dessa informação para que ela seja acertiva para o mercado no Brasil. Nexo é o que faz sentido, o que a gente busca no dia a dia. Mas nexo é também conexão, ligação. E nós temos feito diversas conexões novas com os acontecimentos. Conexões com as pessoas, conexões de formas completamente diferentes em função do mundo virtual que a gente tem contato hoje em dia”, disse Regina. “Toda palestra falo isso, nosso foco não é mostrar desfiles, porque isso está aí e qualquer um pode usar a internet para ter acesso aos desfiles. Nosso foco é fazer com que as pessoas pensem na criação, no seu público, pensem e desenvolvam uma identidade para sua marca e que não fiquem copiando o que a gente fala. O objetivo não é mostrar desfiles e silhuetas e sim mostrar tendências e estilos”, explicou Alessandra.

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As especialistas do Centro de Design e Moda Regina Wypych, Alessandra Lanzeloti e Débora Catelani durante palestra de apresentação da Pesquisa Senai Mix Design Primavera-Verão 2017/2018 na unidade Brás do Senai – Foto: Senai/Divulgação

Conectar

E estabelecer conexões pela primeira vez, seja com pessoas, ambientes, produtos ou serviços, é uma das principais tendências apontadas por Regina na direção Conectar. “A gente tem novos públicos fazendo isso. Normalmente a gente entende que só os jovens têm essa facilidade, mas não. As tecnologias têm ficado cada vez mais fáceis e intuitivas e têm atraído um novo público”, disse mencionado os também conectados idosos. “A gente percebe que as pessoas estão cada vez mais jovens de espírito e já não faz mais sentido classificar as pessoas por gerações como nós fazíamos antes, a partir da idade. Isso não faz sentido porque as pessoas são aquilo que elas gostam, os conceitos que lhes interessam, elas acabam se unindo com as outras pessoas em função disso, de gostos e conceitos. São os perennials, a transcendência entre tempo e idade. As pessoas estão conectadas com o presente, com o que está acontecendo e, elas têm interesses pelas coisas atuais, independente de terem 80, 12 ou 30 anos. Elas podem inclusive ter contato e interesses comuns mesmo com idades diferentes”, afirmou.

Outro comportamento identificado pela equipe e que tem total ligação com o conectar é a corrente que em vez da agitação prefere uma maratona de séries, interesse que também atinge a todas as idades. São os yoldies: se identificam como pessoa velha. “Esses são comportamentos que a gente consegue identificar agora e independente da faixa etária. Isso [a idade] não faz a menor diferença no momento”, explicou Regina. Para a especialista, essa tendência tem por base o interesse por novidades tecnológicas. E são inúmeras as possibilidades que propõem inclusive a melhoria e conexão entre seres humanos e que facilitam a vida humana. Mas, é importante salientar que esse viés torna evidente a lógica humana por trás dessas tecnologias. E reflexo disso, segunda Regina, para a temporada de Primavera/Verão é um conceito mais atemporal.

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“O que a gente viu para essa edição foram peças atemporais. E independente da idade, o que é muito importante é raciocínio humano. Essa interferência nossa. E esse público gosta disso. Se sente confortável com as tecnologias e se sente confortável de saber que foi tudo pensado e produzido pelo ser humano. Temos isso bem claro em alguns desfiles, em peças que estão com caras de construídas mesmo, tem o ar da arquitetura, quase um origami. São peças que conseguimos perceber a mão humana. Peças esportivas com ar bastante jovial, fora do tempo, tecidos com caras de tecnológicos, brilho e detalhes. Vimos recortes, mangas com volumes, bolsos grandes. É a coisa da facilidade que a gente quer, de quem está ali e tem muito o que fazer.”

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“O mesmo vale para as peças masculinas. São peças funcionais, tecidos também com cara de tecnológicos, bolsos esportivos, de quem não tem tempo a perder e que coloca o celular no bolso e sai por aí. Idem para as crianças. Não tem cara de nada de muito fluido. E dá para perceber a construção pensada na roupa. O que nós temos no nosso tempo de mais importante.”

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Direção estratégica: Esse caminho indica que é hora de pensar exatamente que não temos mais públicos definidos por idade. Segundo Regina, o mercado precisa então unir, procurar entender seu público independente da faixa etária e saber quais são os gostos que unem essas pessoas a determinada marca. “Se você tem público de diversas faixas etárias, tem diversos corpos para vestir. Isso pode ser um grande diferencial para sua marca. Produtos integrados para pessoas que gostam do mundo digital. Idosos saudáveis estão se movimentando por aí e a tendência é vermos cada vez mais isso acontecer. Mas há os que têm certas limitações. E a gente pode pensar em tecidos macios para uma pele delicada. Esse é um nicho para ser explorado”, completou.

Desconectar

A segunda direção na qual as profissionais do Senai apostam é o Desconectar. Segundo Alessandra, se trata do momento de pausa. “É o momento da gente desconectar do mundo exterior, interromper as coisas que estamos fazendo, e voltar os olhares para o nosso exterior. Momento realmente de repensar e fazer uma reflexão. É um momento de enfrentar os medos e fazer algo para mudar”, disse.

Para a especialista, o movimento de desconectar é uma forte tendência, em função da busca pelo essencial e pela felicidade. “Estamos em uma época em que há muita informação, muito produto, muito tudo. Mas será que a gente precisa realmente disso? O desapego é algo essencial para superarmos coisas”. Alessandra citou em sua apresentação como referência dois autores internacionais – o britânico James Wallman, que questiona em seu livro “Stuffocation: Living More With Less” sobre o excesso de coisas no mundo capitalista e materialista e o quanto comprar tem a ver com ser feliz. “No final das contas ele [Wallman] responde que a gente não precisa comprar tanto para ser feliz e que o mais importante são as experiências que vivemos”, explicou. E a japonesa Marie Kondo, que se tornou famosa por mostrar ao mundo seu método de organização. “Ela diz que organizar a casa, a empresa, nos faz repensar. Tudo aquilo que é acumulado de alguma forma reflete o nosso interior. Muitas vezes acumulamos coisas e de desfazer nos faz sentirmos mais leves”, afirmou.

Viver o presente é essencial. Segundo Alessandra, as pessoas estão deixando de comprar roupas para comprar experiências. “Isso é muito significativo para nós que trabalhamos no ramo da moda. Que experiência podemos proporcionar? E isso vai exatamente na contramão das fast fashions. E essa é uma das coisas que essa pesquisa pontua: será que realmente precisamos comprar tanto?”, questiona.

A cartela para o movimento de desconectar inclui tons pastéis e os anos 1980 continuam em alta. “Essas são as cores importantes de se trabalhar. E elas tem tudo a ver com o tema porque estamos falando de relaxar de alguma forma, então é uma cartela um pouco mais fechadinha.”

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“Os anos 1980, babados, transparências, volumes mais soltos, não tão colados aos corpo estão em alta. O excesso de volumes nos ombros, com assimetria, característica da década de 80. E tem também essa ideia homewear, roupa mais confortável, não é a roupa que só fica em casa, mas que também pode sair e é mais confortável. Ainda tem os plissados que foram um boom. A gente continua com os plissados, com as transparências, novos tipos de mangas. Aliás, a manga é um dos pontos importantes para trabalhar. E falo dos vários tipos de mangas. Outra tendência são as listras, a mistura das padronagens de rendas. Vemos calças confortáveis com amarrações, com outros tipos de fechamento, calças cenouras é um ponto forte, curtinha ou mais cumpridas.”

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“Para os meninos há listras, rendas, a gente vê calça e camisa listradas, mas em padrões diferentes. Plissados, confortáveis, com nervuras. E para as crianças a gente tem essa leveza, vestidos fluidos, com alça. Mangas bufantes. Listras coloridas. Vestidos soltos e visual mais clean.”

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Direção estratégica: A estratégia para esse tempo de crise, tempos mais difíceis, mas também de superação, é olhar para o consumidor que colocou o pé no freio e passou a consumir menos. Quais são esses novos hábitos? O que ele passou consumir mais o que está consumindo menos? Para Alessandra o caminho é traçar novas estratégias. “Isso não quer dizer que vamos descaracterizar as marcas. Não vamos agora fazer produtos baratos e com qualidade inferior, não é isso, porque depois tem a retomada, mas isso descaracteriza a marca, muda sua essência e DNA”, afirmou. É preciso pensar como atender o consumidor neste momento. “É pensar quais estratégias devo apostar, posso ter uma nova linha de produtos, pensar em termo de marcas para não descaracterizar e em termos pessoais fazer essa limpeza exterior e interior e pensar com otimismo”, completou.

Reconectar

A terceira e última direção é o Reconectar. Para Débora, após conectar e desconectar o reconectar acontece de maneira inteligente. “Já se conectou de forma desenfreada, desconectamos e demos uma pausa, então vamos reconectar de forma inteligente. E neste sentido há três pontos importantes: o renascimento; o respeito e o retorno do passado.

“Nessa ideia do renascimento, vamos falar das culturas americanas e caribenhas que passam por dificuldades e que neste momento estão em ascensão e chamando a atenção do mundo. E que economicamente e culturalmente estão se reconstruindo e vão influenciar o mundo da moda de alguma forma. A gente se reconecta com respeito consigo mesmo. Sem excessos e com respeito em relação ao meio ambiente também, que é uma grande preocupação. E o retorno. Estamos reconectando trazendo o passado para o presente. Existe uma ideia de nostalgia muito saudável que mexe com as emoções. Reinventando e trazendo para o universo contemporâneo de forma divertida, alegre, tecnológica e otimista”, explicou Débora.

Este ponto da pesquisa tem como inspiração a retomada, de locais como a de Nova Orleans, cidade do Sul dos Estados Unidos devastada pelo furacão Katrina, em 2005, deixou mais de 1,8 mil mortos. O Haiti que em 2010 também sofreu um desastre natural, na ocasião um terremoto de magnitude 7,0 na escala Richter atingiu o país, provocando uma série de feridos, desabrigados e mortes. E de Cuba que em 2014 fechou acordo para uma aproximação histórica com os Estados Unidos.

“Em Nova Orleans, o projeto “Make it right” da Fundação Brad Pitt  construiu 109 vasas para a população e todas com o aspecto ecofriendly. Cada morador gasta em média $ 24 dólares de despesas por mês e tem toda uma arquitetura divertida. Hipsters latinos foram para a cidade para reconstruí-la. Formada por uma população de maioria negra essa união com latinos está formando uma efervescência cultural. Falando de renascimento, temos que falar de Cuba que está nos holofotes. Retomando laços diplomáticos com os Estados Unidos, Cuba recebeu o Papa Francisco, Barack Obama [ex-presidente dos EUA], os Rollings Stones [banda britânica] e até um desfile da Chanel.”

E parte deste cenário, Débora insere ainda os artistas Hervé Télémaque, nascido no Haiti e naturalizado francês, e a jamaicana Ebony Patterson. Télémaque, que mistura em seus quadros palavras e figuras e retrata a cultura do Haiti, expôs suas obras no Centre Pompidou, em Paris, algo difícil de acontecer a um artista nascido fora do eixo europeu. E Ebony, que esteve entre os artistas da 32ª Bienal de Artes de São Paulo, e que faz uma crítica ao consumo usando como pano de fundo fotografias que depois de impressas são ornamentadas.

Ainda dentro do reconectar, outro viés é o respeito ao meio ambiente. E Débora destaca a economia circular que tem como base a metodologia do berço ao berço. A especialista indica dois caminhos possíveis: ciclo biológico e ciclo técnico. “A economia circular visa integrar resíduos de volta ao meio ambiente ou à indústria. O lixo é um erro do homem. Na natureza não existe lixo. A gente vai pensar no ecossistema, tudo o que é descartado volta e fere o meio ambiente. É hora de pensar o que a gente vai fazer com o lixo que produzimos. Temos duas ideias. Ou a gente faz um ciclo biológico com materiais biodegradáveis que voltam para a natureza ou o ciclo técnico que volta para a indústria. A gente sabe que não vai parar de consumir, então temos que fazer isso de forma inteligente. Pensar nos descartes e nos ciclos.”

E Débora finaliza apontando o retorno dos anos 1980 como uma das tendências e inspirações. “Temos visto uma corrente muito forte em relação a isso, essa ideia de trazer essa década de volta, mas com outra roupagem.

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“Os desfiles dentro dessa direção mistura o otimismo da cultura americana e caribenha, as cores vibrantes, o azul do mar é muito importante, muita vibração e fusão dos coloridos. O ar quente com o laranja e amarelo. A ideia é trazer otimismo, vivacidade e alegria com esses coloridos. São looks com estampas florais e tropicais. A ideia dos babados, calça com a boca de sino, os decotes ombro a ombro. Esse ar de alegria e descontração. A ideia dos anos 1980 está principalmente relacionada às mangas, e são realmente importantes, até a Lady Gaga se apresentou no Super Bowl 2017 com uma super manga. E a gente acredita que isso vá acontecer muito. A orientação é pensar nessas mangas, novos florais, incorporar rendas, incorporar lingerie, tanto na alfaiataria quanto nas mais esportivas. Tem a ideia dos animal print, os poás e listras misturadas”.

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“Para os homens têm a ideia da sensualidade, da leveza, os azuis, aquele azul do mar do Caribe. Estampas florais podem ser usadas também no universo masculino, o xadrez. A ideia dos looks mais leves, tons bege e ideia do safari que também está presente no feminino. Os tons terrosos são importantes para dar equilíbrio. Mantendo a ideia de que seja leve, descontraído e alegre. Para o universo infantil, os bichos também são elementos importantes. O decote ombro a ombro, tops, babados que se repetem. Foco nas mangas e estampas florais também em alta, nos fazendo lembrar dos artistas mencionados, uma grande inspiração.”

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Direção estratégica: Para Débora, a a ideia é deixar é sair da zona de conforto e estudar processos, estudar criativos e levar otimismo para o dia a dia. Inventar novas formas de atuar no mercado, reforçando a simpatia e calor do time de vendas. Reconstruir produtos e serviços para durar. Pensar na economia circular e no produto de forma inteligente, levando em consideração o seu descarte. Pensar que o produto não termina quando sai da fábrica para a mão do consumidor e que essa responsabilidade é também da empresa.

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5 Respostas para "Senai Mix Design: Tendências e inspirações para a Primavera – Verão 2017/2018"

Luciana - 13, fevereiro 2017 às (16:56)

Muito bom

Responder


Marcela Fonseca Marcela Fonseca - fevereiro 13th, 2017 em 5:18 pm respondeu:

Que bom que curtiu, Luciana! Beijo 😉

Responder

Economia circular: Do berço ao berço. Você sabe o que é isso? — Moda Sem Crise - 23, fevereiro 2017 às (03:06)

[…] SENAI MIX DESIGN: TENDÊNCIAS E INSPIRAÇÕES PARA A PRIMAVERA – VERÃO 2017/2018 […]

Andrielle - 27, fevereiro 2017 às (19:45)

Conteúdo super interessante… 🙂
#deolhonastendencias

Responder


Marcela Fonseca Marcela Fonseca - fevereiro 28th, 2017 em 2:35 pm respondeu:

Oi, Andrielle. Obrigada por sua visita. Que bom que curtiu esse conteúdo. É uma pesquisa ampla e cheia de referências interessantes. Vale a pena conferir! Beijooo

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