CAUSE MARIA – Sempre quis ser jornalista. Desde criança. Lembro de dizer isso na escola. Não sei qual foi o fator que me levou a querer. Se foi gostar de escrever, de contar histórias, de perguntar, de conhecer.

Na apresentação do meu trabalho de conclusão do curso de jornalismo, eu disse aos presentes que tinha escolhido a profissão por carregar com ela o poder da informação, pois pessoas informadas poderiam mudar o mundo. E de fato podem. Se prestarmos atenção, estamos vivendo as catástrofes da nossa falta de informação.

Se era um sonho, não sei. Mas era uma grande vontade de ter o “título” de jornalista. 

Terminei o ensino médio com 17 anos, mas tive que aguardar até os 22 para que tivesse um emprego e então iniciar os passos a caminho do “titulo”. Durante 4 anos, trabalhei como operadora de caixa de supermercado para começar, manter e finalizar o curso com a ajuda do meu pai e do meu irmão.

Após terminar a faculdade, encontrei inúmeras dificuldades para ingressar na profissão, mas fui persistente, até que consegui publicar oficialmente a primeira matéria como jornalista e depois a segunda e muitas outras.

Percebi que gostava muito da comunicação em geral. Estudei cinema e com ele, descobri o amor pela direção de arte e pela maquiagem. E apesar de amar muito e fazer alguns trabalhos, nunca me sustentei de verdade com isso. Seria um sonho? Seria.

Comecei então a ter dois amores: o jornalismo e o cinema. Vivia um pouco em cada um, mas sem de fato estar segura financeiramente com eles.

Dentro do próprio jornalismo, fui apresentada à assessoria de imprensa. Esta sim, apesar de não ser um grande amor, começou a me sustentar. Além disso, me levou para o caminho das mídias sociais, marketing digital e à sociedade em uma agência de comunicação com foco nessas duas áreas. Nessa trajetória foram 6 anos.

Nesse período, sentia muita falta do jornalismo, da reportagem, do gravador, do cada dia uma história nova, da redação, da correria, do fechamento. E também do set de filmagens, da busca por objetos de cena, da escolha do figurino, dos perrengues da produção de baixo orçamento, da luz, da câmera, da ação e do meu amor: a maquiagem.

Decidi então que não viveria sem eles. De forma alguma. E por que abrir mão? Decidi agregá-los de volta a minha vida. Voltei a escrever, a filmar, a maquiar. Não como uma forma de renda, mas como uma forma de viver o meu sonho, fazer o que gosto e ser feliz.

Durante os momentos de dificuldades para ingressar na profissão escolhida, vi muitos colegas terem sucesso, muitos desistirem e outros estacionarem, talvez à espera de que em algum momento possam trabalhar e viver do próprio sonho.

Não consigo julgar se é certo ou errado. Mas por experiência própria, afirmo que não há a necessidade de desistir de um sonho.

Se realmente gostamos de algo, devemos sim investir naquilo, buscar profissionalização e conhecimento a respeito. Estar próximo e vivenciá-lo. Nada é impossível e muitos estão aí, trabalhando e vivendo do que amam.

Mas muitas vezes, a profissão sonhada está longe da realidade financeira que almejamos e das responsabilidades que temos. O tempo e a competitividade do mercado também são cruéis. Nesse caso, nada melhor do que conciliarmos.

O primeiro passo é começar a amar a profissão que nos sustenta, buscar o crescimento e fazer dela a base para conquistarmos e vivermos nossos sonhos, mesmo que esses agora não sejam mais uma profissão e sim um hobby, um relaxamento, uma diversão.

A flexibilidade e a paciência são qualidades exigidas para que isso aconteça. Além da persistência e da força de vontade, pois nem sempre é possível viver do que gostamos, mas é possível viver bem e fazer o que gostamos.