22 • novembro • 2016

A Garota no Trem e a culpa nossa de cada dia


LADO B – Eu adoro um bom livro de suspense! E nos últimos dias, vi e ouvi muitos comentários sobre o filme “A Garota no Trem”, que está em cartaz nos cinemas brazucas. Apesar de não ter assistido ao filme ainda, considero a história uma das melhores que eu li em 2015 e fico muito feliz de ver que muitas pessoas estão lendo o suspense escrito por Paula Hawkins, um thriller que chama atenção para relacionamentos abusivos, alcoolismo e depressão.

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Pôster do Filme “A Garota do Trem” – Google Imagens

Disseram as boas línguas que o filme é tão bom quanto o livro, o único ponto de divergência é que a história original se passa em Londres e a adaptação levou o suspense para Nova York. Sem soltar spoillers, essa é uma daquelas histórias com um final surpreendente, não conheço absolutamente ninguém que descobriu quem é o real vilão antes do final.

A protagonista da história sofre de um mal que vem assombrando mais e mais mulheres, o alcoolismo. Rachel Watson, a personagem central, começa a história causando uma antipatia por causa do seu problema com bebidas e dependência emocional. Por ter apagões causados pelo álcool, ela acaba sendo envolvida num processo criminal. Um crime no qual ela é testemunha chave. Que acontece no bairro onde ela morava antes de sua vida supostamente desmoronar.

Rachel Watson se revelou ser uma das protagonistas mais complexas e surpreendentes que eu já li. Seus problemas, seus conflitos e apagões me fizeram questionar até que ponto a índole e a personalidade podem ser decisivos numa história, e, trazendo isso para a vida real, o quanto devemos confiar em nós mesmas, mesmo quando tudo nos leva a acreditar que somos as verdadeiras culpadas.

Coloco esse “nós” no feminino porque (infelizmente) a culpabilidade feminina está aí em várias escalas da sociedade. Assim como na história, como não culpar uma mulher, desempregada, abandonada pelo marido, instável, alcoólatra de um crime, se ela mesma diz ter estado no local do fato? Como acreditar em alguém que tem apagões constantes, mente e persegue o pobre ex-marido?

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A atriz britânica Emily Blunt interpreta Rachel Watson no cinema _ Google Imagens

Assim a personagem é apresentada e a única coisa que afirma sua inocência são suas falas confusas e flashes de memória. Mas ela acredita em sua inocência e em seus instintos. Quando cheguei ao final da eletrizante história, me questionei sobre julgamentos e culpa. Questione-me sobre essa necessidade louca que a sociedade tem de achar culpados e no empenho que a sociedade faz para jogar a culpa sempre no lado mais fraco.

Precisamos de mais finais como o de “A Garota no Trem”, porque na literatura a verdade sempre aparece nas últimas páginas, mas na vida real o mal causado por um relacionamento abusivo deixa traumas reais até piores do que a depressão e alcoolismo, que (infelizmente) não desaparecem após o fechar das cortinas.

Ficou curioso? Assista ao filme, leia o livro e vem pra cá comentar! Spoillers e opiniões diversas serão bem-vindos!

“A Garota no Trem”, romance de suspense psicológico da autora britânica Paula Hawkins, foi  publicado no Brasil pelo Grupo Editorial Record e permaneceu por vinte semanas no topo dos livros mais vendidos do Reino Unido.


Bia Rocha

Bia Rocha

>>> Assumidamente nerd e viciada em literatura pop, Bia Rocha é uma cacheada que acredita ser a única jornalista da Galáxia que não gosta de café. Carioca da Baixada Fluminense, adora bater um bom papo, escrever e tomar uma cervejinha gelada com os amigos em qualquer lugar, pois, no auge dos seus 32 anos, aprendeu que lar é onde está o coração. Quando não está lendo e ou organizando eventos, é possível encontrá-la no sofá acompanhada de pipoca, Netflix e de sua ilustre companheira e filha, Hermione, uma cachorrinha linda recém adotada e que a enche de amor. Colaboradora do Moda Sem Crise desde outubro de 2016, Bia assina mensalmente a coluna “Lado B” onde propõe reflexões e traz também todo seu amor pelo universo Geek. Fale com a Bia | E-mail: rochabianca@gmail.com



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