01 • junho • 2017

2/4: Quem inventa a moda que você vê no 6º PIM? Confira os estilistas que desfilam nesta edição


MODA – Amanhã, 2 de junho, acontece a 6ª edição do Periferia Inventando Moda. O evento que no último ano aconteceu no centro de São Paulo, volta para a periferia e tem como cenário o Centro Educacional Unificado (CEU) Paraisópolis, localizado na Zona Sul da Capital paulista. Nesta edição, o PIM apresenta nove marcas – entre roupas e acessórios – de talentos  atendidos pelo projeto. E você confere aqui o perfil de quatro estilistas que inventam a moda desse ano. São eles Alex Santos, criador do projeto, Andreia do Carmo, Bruno Dellum e Kelly Sulysman. Amanhã você confere o perfil de outros nomes do PIM.

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Da esquerda para a direita: Alex Santos, Andreia do Carmo, Kelly Sulysman e Bruno Dellum – Foto: Periferia Inventando Moda

Alex Santos

Criador do Periferia Inventando Moda e proprietário da marca que leva seu nome, Alex Santos, 26 anos, iniciou sua carreira profissional aos 15 anos de idade, porém longe da moda. O estilista, que era então atendente de um restaurante italiano, foi convidado aos 16 anos por uma agência de modelos para fazer parte de seu casting, o que despertou no garoto, o gosto pela moda. “Aprendi muito, principalmente a me cuidar mais, mas não consegui ingressar na carreira de modelo”, conta Alex, que mesmo assim não desistiu de permanecer no universo fashion. “Esse nunca foi meu projeto de vida, mas quando o mosquito da moda me picou, não resisti. Aos 20 anos, me interessei em fazer um curso de corte e costura aqui na comunidade. Tive duas oportunidades, numa delas fui rejeitado por conta da minha homossexualidade e na outra fui aceito, eu fui o único menino em uma turma de 10 mulheres. ”, relata o jovem morador de Paraisópolis.

Alex Santos é o estilista idealizador do PIM, projeto que tem revelado talentos das periferias de São Paulo para o mundo - Foto: Túlio Vidal

Alex Santos é o estilista idealizador do PIM, projeto que tem revelado talentos das periferias de São Paulo para o mundo – Foto: Túlio Vidal

Ao longo do curso, após demonstrar seu talento, Santos foi incentivado por uma professora a ingressar na faculdade de Moda. Seguiu o conselho e durante sua passagem pela universidade criou a marca homônima. Santos descreve seu conceito como glamouroso, arrojado, transgressor e pessoal. “Cada peça tem uma história que se mistura com a minha, unindo conceito da alta moda com a estética urbana característica da periferia de São Paulo, oriundo da comunidade de Paraisópolis”.

E é o que o estilista traz para a passarela do PIM nesta edição. Segundo ele, roupas desenvolvidas para quem tem e quer expressar atitude e personalidade, para quem se gosta e quer ser gostado. Sua nova coleção, Rise for Victory – Inverno 2018, traz jeans, muito patches, moletom, além de vestidos, casacos, pantalonas e peças em pelúcia. “Nesta coleção mostro um pouco da veia sombria do meu lado criativo, continuando minha inspiração nos anos 80 como se os tivesse vivido neles”.

Andreia do Carmo

Moradora do ABC Paulista, a estilista Andreia do Carmo, 40 anos, também é nome confirmado nesta edição do PIM. Nascida em uma família de costureiras, o gosto pela moda foi despertado ainda na infância. “Desde criança, via roupas em novelas e fazia rabiscos no papel, então, minha avó tirava um molde no jornal e fazia a roupa deseja para mim”, comenta.

Desde então, Andreia decidiu que se envolveria com moda. Fez cursos relacionados à produção de moda e estilo. E em uma feira se apaixonou por customização, o que a despertou também para a importância da reciclagem, denominada por ela como Ecomoda. “Comecei a comprar calças jeans e transformar em shorts customizados e em cada peça, levava um pouco de mim, da minha personalidade com uma influência rock ‘n roll. Transformava peças básicas em estilosas, rasgadas, com caveiras e spikes para um público alternativo. Consciente da importância da reciclagem e da reutilização dessas peças, eu decidi customizar todos os tipos de jeans”.

Hypnotic Bijoux, de Andreia do Carmos, por Alex Santos no Desfile P.I.M. - Foto: Túlio Vidal

Hypnotic Bijoux, de Andreia do Carmos, por Alex Santos no Desfile P.I.M. – Foto: Túlio Vidal

Andreia do Carmo explica que vê a moda como um posicionamento político por isso tenta se manifestar nas peças que produz. “Eu sempre tento mandar uma mensagem, protestando contra o consumo desenfreado e o abuso do homem contra a natureza e os animais”, ressalta.

Nesta edição do evento, a estilista traz à passarela a coleção de nome Jeans,  com peças de fato apenas em jeans e com uma releitura dos anos 80.

Bruno Dellum

O baiano Bruno Dellum, também faz parte do grupo de estilistas da 6ª edição do Periferia Inventando Moda. De origem indígena, Bruno veio de família simples e conta que desde pequeno teve que trabalhar para seu sustento. Nunca esteve diretamente ligado à moda, mas sempre participava de movimentos artísticos.  “Desde criança gostava de desenhar, participava de movimentos artístico culturais na cidade, ainda nesse período minhas roupas vinham de doações da igreja e comunidade, não tinha luxo, mas amava me arrumar”, explicou o estilista que, aos 14 anos começou a trabalhar com casamentos e festas o que o aproximou do gosto pela moda. “Eu ficava deslumbrado com as roupas das pessoas e tentava reproduzir o que eu via. Isso despertou em mim o gosto por reformar roupas e também pela costura”, conta.

Bruno Dellum com look da coleção Equilíbrio - Foto: Facebook Bruno Dellum

Bruno Dellum com look da coleção Equilíbrio – Foto: Facebook Bruno Dellum

Autodidata, Bruno passou a criar e vender uniformes escolares. E em 2013, apresentou três peças conceituais em uma feira cultural de sua cidade e dois anos mais tarde lançou a marca que leva seu nome.

Dellum frisa que busca por uma moda livre, sem gênero e brasileira, em que as pessoas não tenham medo de abusar da sensualidade. “Tento quebrar os padrões impostos pela sociedade, trabalho em prol as dualidades de gêneros, desconfigurando o que é considerado de menino e de menina. Minha moda é a resistência, o odiado, as coleções falam muito dos sentimentos às vezes de revolta, solidão, plenitude e existência”, adianta.

Na coleção Equilíbrio,  que apresenta nesta edição, Bruno Dellum brinca com a experiência transitar em dois mundos, mostrando além da dualidade dos gêneros, o reflexo do ser. “Em uma vibe futurista, trago a libertação e imponência nas peças”. Para isso, Dellum trabalhou mix de texturas, tecidos e geometrias e traz um casting  recheado de surpresas super diversificadas. “O must have da coleção é composto por peças completas nas cores: branco, preto e prata. Macacões, vestidos, calças flare, pantalonas, somado com t-shrits, saias e cropped estarão presentes”.  A apresentação promete.

Kelly Sulysman

Kelly Sulysman sempre esteve envolvida com o mundo da moda. Aos, 22 anos, a jovem faz para do time de estilistas do PIM e traz em sua jornada experiências de família. “Minha mãe mesmo conta que costurou até a semana em que eu nasci e voltou para máquina muito rápido, ela realmente não se via parada, e é algo que ela possui gosto desde os 11 anos. Com isso cresci nesse ambiente, observando como tudo era feito”, diz.

Mesmo estando tão imersa neste universo, Kelly decidiu  estudar artes para depois trabalhar de fato com moda. “Eu senti vontade de fugir disso, ir pra área da artes e tentar fazer outras coisas, traçar novos caminhos, mas vi que tudo se direcionava a moda, minha forma de arte era essa. Então, cursei moda e após me formar entrei em um curso de artes ai tudo fez sentido pra mim”.

Kelly começou suas criações com encomenda para amigos. Mas logo, decidiu investir na carreira e deu início a marca KSulysman. “A marca realmente reflete tudo que eu mais prezo, sendo a qualidade de cada peça feita de modo artesanal, uma a uma, pra que seja um produto durável e assim não descartado tão rapidamente, peças confortáveis, e com estilo street/alternativo”, afirma.

Look da coleção Cores Primárias no desfile P.I.M. em novembro de 2016 - Foto: Túlio Vidal

Look da coleção Cores Primárias no desfile P.I.M. em novembro de 2016 – Foto: Túlio Vidal

Segundo Kelly, o desenvolvimento de suas coleções se dá através do que mais a toca no momento em que está criando. “As manifestações se dão basicamente desde refletir sobre a imensidão de tudo aquilo que nos rodeia, e pensar que o que realmente importa as vezes não é o que a sociedade nos impõe”.

Nesta edição, a coleção Pressure, traz a reflexão sobre a pressão constante em que vivemos no dia a dia.  “E essa pressão é sobre tudo, sobre nossos corpos, sobre nossa mente, e tudo que nos cerca e acaba nos fazendo viver no limite de nós mesmos”.

Uma vitrine para novas oportunidades

Vitrine e realização de sonhos é como o Periferia Inventando Moda é visto por esses quatro jovens estilistas. “Esse evento propõe democratizar a moda, tornando-a acessível e dando visibilidade à cultura de moda característica da periferia. Num país marcado pela diversidade também pela exclusão, acreditamos que enquanto a moda se restringir a um pequeno grupo, ele estará longe de expressar toda a riqueza de nossa cultura”, opina Alex Santos.  “Esse projeto veio pra mostrar o potencial que temos e muitas vezes é escondido pelas luzes de grandes eventos que não trazem tantas oportunidades pros jovens que além de periféricos são novos no ramo, diz, Kelly Sulysman, que define o PIM como um evento de suma importância para a moda. Bruno Dellum vê a iniciativa como uma oportunidade de  exaltar as minorias. “É uma forma de apoiar o rejeitado, unir-me com os povos em um único abraço. O de ser visto, reconhecido. Eu existo”. Andreia do Carmo ressalta a honra em participar do evento e o vê como uma forma de levar a moda às pessoas carentes. “Uma forma de dar oportunidade aos jovens com sonhos de serem modelos e que não podem se agenciar, pois hoje, as agências comercializam books. É uma forma também de eles verem tendências  e serem apresentados de forma mais diretas a conceitos e a diversidade de cada estilista. Isto é sensacional”, finaliza.

Onde encontrar:

Alex Santos  –  O estilista está desenvolvendo sua loja online, que está prevista para o próximo semestre. E nesta edição do PIM, Alex terá um loja física dentro do espaço.

Andreia do Carmo – Os produtos apresentados por Andreia podem ser encontrados em seu Atelier localizado em São Caetano Sul, no ABC Paulista, no qual atende clientes com hora marcada e também em ponto de venda na loja colaborativa Endossa, na Rua Augusta, 1372.

Bruno Dellum – Para conferir um pouco mais de Bruno Dellum e adquirir peças da marca, o contato pode ser feito pelo whtasApp (11)9 6856-6981 e pelo telefone (11)9 9167-6839. E também pelo e-mail: brunno.dellum@hotmail.com , Facebook Brunno Dellum ou direct do instagram brunno_dellum, local e ponto de entrega a combinar.

Kelly Sulysman  –  O produto da KSulysman podem ser encontrados pelo instagram @ksulysman, na página no Facebook KSulysman ou  pelo e-mail: k_sulysman@hotmail.com.

2/4 – Este é o segundo texto de uma série de quatro que publicaremos a respeito do Periferia Inventando Moda. O primeiro deles você confere clicando aqui em “1/4: De volta às origens, 6º PIM acontece no CEU Paraisópolis“. Fique de olho, vamos contar mais sobre a história de cada uma das marcas e você confere aqui no site e também em nossas redes sociais a cobertura completa do evento.

*Esta publicação contou com a colaboração de Júlia Rocha Paulino <3

Serviço: 6º Periferia Inventando Moda

Dia e horário: 02 de junho de 2017 das 17h às 21h.

Local: CEU Paraisópolis – Rua Dr. José Augusto de Souza e Silva, S/N.

17h às 18h30 – Mesa redonda: “um novo olhar sobre a moda – questionando os padrões de beleza atuais”.

19h às 20h30 – Desfiles

Informações: (11) 3501.5660.

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4/4: 6º edição do PIM prova que a empoderada periferia resiste — Moda Sem Crise - 07, junho 2017 às (14:37)

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