MESA CORRIDA – Aos 18 anos, eu queria abrir uma padaria. Meu pai tinha acabado de perder o emprego e eu de passar no vestibular para o curso de Comunicação. Pra mim, a saída para os nossos problemas financeiros era produzir e vender pães, bolos, biscoitos. E eu apostava tudo nos meus bolinhos de chuva. Os venderia quentinhos, em porções acompanhadas de um café com leite ou chá. E não teria como alguém resistir. Na minha casa ninguém resistia. Seria nosso maior sucesso, com certeza.
Consultei várias revistas especializadas em panificação e, em duas semanas, eu estava com a padaria pronta na minha cabeça. Tinha listado os equipamentos e a mobília que precisaríamos. Pensei na decoração e nos produtos a serem comercializados. E também já tinha idealizado o lugar. Apresentei o “megaprojeto” elaborado em 15 dias à minha família e, tão logo, meus pais me chamaram para a realidade: não tinha capital de investimento. E, talvez, o meu bolinho de chuva não fosse suficiente pra segurar os gastos de um estabelecimento daquele porte. Claro que teimei na proposta, mas vencida por duas mentes mais maduras e sensatas, engavetei o meu projeto e fui vender bijuterias para garantir uns trocados.
Quase dez anos depois, dei início ao meu primeiro empreendimento. Um ateliê de bolos e doces, em sociedade com a minha mãe. O negócio era real, mas muito mais simples do que aquela padaria que eu havia planejado no passado. Começou bem pequeno, em espaço e produção. Mais uma vez acreditei, sobretudo, no produto como diferencial: bolos gostosos e bonitos. Avançamos e em um ano mudamos para um local maior, numa proposta de aumentar a fabricação. O lugar novo ficou mais bonito, mais atrativo. E também mais caro. A demanda não acompanhou os novos gastos. Mais um ano, e a falta de gestão para administrar o mercado nos impediu a continuidade do trabalho. Fechamos a porta.
Apesar dos meus “insucessos”, em nenhum momento eu admito que me falte espírito empreendedor. Até porque acho que isso seja possível de se construir através de informações e estudos (continuo em busca dele). Eu reconheço, sim, minha falta de planejamento para iniciar um negócio; meus conhecimentos reduzidos para administrar; minha visão limitada, que ignorou tendências; minha ingenuidade ao acreditar que o meu bolinho seria andorinha única fazendo verão.
Entretanto, por outro lado, sobrou coragem. Dessas que rompe a inércia e coloca a vida em movimento. Que faz a gente buscar, mesmo sem saber o que encontrará mais a frente. Que nos levanta, depois da queda. Empreender também é ter coragem de arriscar pelo seu melhor.
Erramos e acertamos. Mas, no final das contas, o balanço é positivo. Pois não há arrependimento pelos sonhos sonhados e experiências vividas.
Bolinho de Chuva
Ingredientes:
2 ovos – 6 colheres (sopa) de açúcar – 1 pitada de sal – ½ xícara de leite – ½ colher de sopa de fermento em pó – 1 e ½ xícara de farinha de trigo – óleo para fritar – açúcar e canela para polvilhar
Modo de Preparo:
Numa tigela, junte os ovos, o açúcar e o sal. Misture bem com uma colher. Acrescente, alternadamente, o leite e a farinha de trigo, mexendo sempre. Adicione o fermento e misture. Com o auxilio de duas colheres de sobremesa, modele os bolinhos (encha uma das colheres com a massa e passe de uma colher para outra, até que a massa fique com formato arredondado). Coloque para fritar no óleo quente até que fiquem dourados. Retire os bolinhos, coloque em um prato forrado com papel toalha. Em seguida, passe os bolinhos numa mistura de açúcar e canela a gosto. Sirva quente.
+ Suellen é autora do blog “Encontrei Babette“ onde publica crônicas recheadas de conceitos gastronômicos e experiências gustativas com uma boa pitada de poesia.
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