CAUSE MARIA – No último texto da coluna (Insegurança: meu maior desafio como sócia-proprietária), relatei um pouco da minha vivência no universo empresarial e com ela, uma das dificuldades que enfrentei e que tenho trabalhado no dia a dia: ser sócia do meu ex-chefe. Enquanto trabalhava essa questão em mim, resolvi mais algumas milhares, entre elas, aprender a ser chefe das minhas amigas.

No caminho para ser dono de um negócio, muitas vezes, para quem não é um empreendedor nato, as dificuldades não são poucas, mas se houver perseverança, o aprendizado é imenso.

Transformar uma equipe de colegas de trabalho em empresa e dirigi-la, ainda mais sendo elas minhas amigas, inicialmente foi um grande desafio. Como não misturar relação profissional e pessoal? Como cobrar sem parecer arrogante? Como chamar a atenção ou corrigir sem perder a amizade? Todas essas questões também me fizeram temer um mal desempenho como gestora.

Depois que me formei em jornalismo, optei pelo trabalho freelancer e sempre fui responsável e bem responsável pelo meu trabalho, apenas o meu, o que sempre me pareceu bem fácil. Depois disso, passei a coordenar uma equipe de comunicação, na campanha eleitoral do meu atual sócio. Começou ali, o que eu temia: ser responsável pelo trabalho e desempenho de outras pessoas.

Na foto da esquerda para a direita: Fernando Ibanez, Ana Paula Aureliano, Sabrina Andrade, Izabelli Almeida e Elaine Paiva – Foto: Arquivo Pessoal

Tivemos um bom resultado e logo depois disso, nos tornamos empresa, mas eu ainda mantive essa insegurança, pois na configuração antiga, eu ainda tinha alguém acima de mim, para coordenar nós todas, o que de certa forma deixa tudo mais confortável.

Topei o desafio, na verdade gosto muito deles, gosto de enfrentar meus medos e fui então buscar ferramentas para que isso se tornasse mais viável. Livros, cursos de gestão empresarial, coaching executivo, foram ferramentas importantes para o meu desenvolvimento nesse sentido.

Tive muitas dificuldades, inicialmente para liderar as minhas meninas, como as chamo. Temperamentos, idades, personalidades e histórias de vida diferentes em uma mesma sala, muitas vezes ferviam e as vezes fervem bastante. Tudo isso, muitas vezes gerou e gera conflitos internos e contorná-los sem ferir a amizade era o desafio maior.

Sou muito observadora, gosto de apreciar o comportamento humano e tentar compreender os seus motivos. Para a minha sorte, sempre fui adepta do diálogo, o ponto forte dos relacionamentos, o que muitas vezes me impediu de ser explosiva e unido às ferramentas que busquei e venho buscando, tenho conseguido ter ao meu lado uma equipe de amigas, que formam o meu quadro de funcionárias. Um time incrível.

Da esq. para a dir.: Ana Paula Aureliano, Izabelli Almeida, Caroline Pontes e Elaine Paiva – Foto: Arquivo Pessoal

Ao longo do tempo, tenho percebido o quanto nosso relacionamento evoluiu tanto o pessoal quanto o profissional, para agradecer, parabenizar, ensinar e também para corrigir nas horas certas. A relação de respeito delas comigo é muito grande e tento retribuir da mesma forma.

Penso que elas de certa forma me tornaram mais responsável, pois quando estamos à frente de uma empresa, passamos a ser responsáveis por pessoas e por parte do crescimento e evolução delas.

Começamos, no final do último ano, a alçar voos mais altos para a nossa empresa e fiquei imensamente feliz com o empenho de todas. Constatei que realmente tenho uma equipe de funcionárias amigas, de pessoas que querem crescer juntas. Creio que todo o trabalho e buscas pelas ferramentas que tenho utilizado nessa gestão não foram em vão.

Observar, ouvir, falar, aconselhar quando necessário, cuidar e enfim, aprender muito com todas tem sido o caminho.

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