FATOS E DEVANEIOS – A caminho dos 30 anos, estou vivendo o ápice do “retorno de saturno”. Trata-se do tempo (29 anos) que o planeta Saturno leva para completar uma volta em torno do Sol, percurso que é feito pela Terra em 365 dias. Para a astrologia, quando Saturno está finalizado sua primeira volta, vivemos um período de mudanças e de reflexões sobre nossa existência e as escolhas que fizemos até então.
Mas, observações astrológicas à parte, é fato que tenho pensado muito. Sobre a natureza. Sobre a vida. Sobre estar no mundo e, claro, sobre ser humana.
Dentre essas reflexões, a mais intrigante é sobre o quanto nossa espécie é repleta de lacunas emocionais, afetivas, psicológicas e por aí vai. É como se para nós nada fosse suficientemente bom ou duradouro e, de maneira geral, permanece uma sensação de que falta algo o tempo todo. Por que será?
Esta semana um trabalho para o Diário, meu blog me fez pensar no assunto. Era uma reportagem com orientações para a escolha de um figurino de dança do ventre. Basicamente, o que minhas entrevistadas ressaltaram foi: valorize o que você tem de melhor.
Não seria essa uma dica para a moda e para a vida?
Vejamos: o conceito primordial da moda é fazer escolhas que favoreçam suas características e as qualidades de cada peça que se vai vestir, além de transmitir informações sobre você e a cultura na qual está inserida.
Esse contexto não é cercear a liberdade que cada um tem de usar o que quiser e como quiser. Ao contrário. É justamente permitir que o melhor de cada um seja valorizado e, assim, um todo também será. Quer dizer, não existe padrão de beleza, o que há são formas de mostrar o que você é, das medidas à personalidade. Diga-se de passagem, isso casa com uma frase que me desperta muita curiosidade, atribuída à estilista inglesa Vivienne Westwood:
Valorizar-se, porém, não é tarefa simples. Nem para se vestir, nem para lidar com leões internos. No mundo, temos sido instigados a esconder muito do que somos e a dar ênfase ao que corresponde às expectativas da sociedade, o que altera nossa autoestima. Na roupa ou na atitude, nos sentimentos ou nos gostos, temos que estar a contento.
Na outra ponta desse fio de meada está o ego, que, alimentado por esse contexto, quer ser o grande senhor da valorização. Porém, no máximo, apenas responde à distorção de valores do nosso tempo. Ele é o que infla aquilo que um ser humano acha que é ou finge ser, por influências de padrões preestabelecidos. Assim nos sabotamos e até esquecemos o nosso valor (ou o atribuímos a outras coisas que não as qualidades do nosso verdadeiro “eu”).
Na moda ou na vida, a valorização é uma flor que só nasce em um jardim onde o ego não vinga: o da simplicidade. Essa tal, acredito, traz a coragem de olhar para nós mesmos, de olhos atentos e coração aberto. E somente nos enxergando mais de perto nos encontraremos e nos daremos e devido valor, na moda ou na vida.
+ Deisy é autora do blog Diário de uma Bellydancer, em que publica reportagens, entrevistas e crônicas sobre o universo da dança do ventre, arte para a qual tem se dedicado há dois anos e com muita paixão.
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