05 • janeiro • 2017

Insegurança: Meu maior desafio como sócia-proprietária


CAUSE MARIA – Há  2 anos sou sócia proprietária de uma agência de comunicação. Não posso dizer que foi algo que sempre sonhei, pois tive muitos outros sonhos antes disso. Mas posso dizer que foi um sonho que se desenhou aos poucos, vindo de diversas experiências profissionais, que contarei em alguns textos aqui na coluna. Colocar esse sonho em prática, me trouxe grande crescimento, muitas vezes pessoal e na base da força (risos).

Antes de estar à frente da agência, eu fazia exatamente o que faço atualmente, porém na condição de funcionária: trabalhava em duas empresas como assessora de imprensa, coordenadora de comunicação e gerente de mídias sociais. Não tinha um horário fixo de trabalho, muitas vezes fazia home office, mas como sempre, tinha grande respeito aos prazos de entrega e qualidade de cada trabalho, preocupação que mantenho no desenvolvimento da equipe que formamos hoje.

As dificuldades para caminhar para a pessoa que ainda quero ser foram muitas, as quais também contarei aos poucos aqui na Cause Maria, mas hoje decidi falar sobre uma que por muito tempo me seguiu e que, de fato, me livrar dela seria um fator determinante na minha carreira. A chamei de “síndrome do sócio-chefe“, termo inventado por mim.

Ter meu ex-chefe como sócio, foi uma coisa que inicialmente me trouxe segurança. Sim, ele já tinha experiência como empresário. O que talvez significasse menos chance de tudo dar errado, mais chance ser sermos vistos e respeitados no mercado e um monte de outras coisinhas que eu mesma criei dentro da minha cabeça.

Esses pontos positivos existiam, mas os negativos começaram a se sobressair. Segurança demais fez com que eu estacionasse e com que a agência não saísse de onde estava, ou seja, do zero. Ser de fato a proprietária também parecia não acontecer. Eu não tomava decisões, não tinha a palavra final, aliás não tinha palavra nenhuma. Na verdade, não rolava um “de igual para igual”. Eu ainda tinha um chefe.

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Foto: Pixabay

Ver as coisas acontecerem dessa forma, em alguns momentos me incomodou e muito. Eu não era a pessoa que eu queria ser e comecei a pensar que ele não me deixaria ser. Não entendia aquele comportamento. Pensava: será que ela ainda não se acostumou que não é mais meu chefe? Será que o problema é por que eu sou mais jovem? Ou  é por que sou mulher?

Passei muito tempo apenas seguindo as ordens, com medo de dizer de fato o que pensava, não tinha segurança em dar a palavra final às funcionárias. Ficava ponderando sobre o que ele pensaria a respeito e que mesmo sendo correto o que eu estava fazendo. Se fosse algo que ele não concordasse, na certa eu levaria uma bronca, na certa eu choraria.

Certa vez, recebi na agência duas potenciais clientes. Segundo elas, haviam se desligado de uma empresa e estavam montando algo juntas. Tínhamos algo em comum: ex-chefe e ex-funcionária. A que era ex-funcionária chegou primeiro à agência, com os olhos brilhando, cheia de ideias e no pique total para colocar  tudo aquilo em prática.

Iniciamos a reunião sem a outra, já que estava bem atrasada. Discutimos, colocamos as ideias no papel, para dar início a um projeto de marketing digital para elas, até que a ex-chefe chegou, sentou-se e começou a relatar o que ela queria para o projeto. Algumas boas ideias outras não, mudança total de caminho sem pedido de opinião da outra parte e vi a ex-funcionária se constranger, não dar mais suas ideias, que diga-se de passagem, eram ótimas. Ela apenas consentia com a cabeça e com um olhar meio negativo, mas não tinha coragem para dizer que não concordava com aquilo.  Ouvi várias vezes a ex-chefe dizer: “Eu quero assim, você tem que fazer assim!” Ué, mas não era uma sociedade? Era, mas a ex-funcionária tinha medo.

Encerrei a reunião dizendo: Quero que sentem, discutam e coloquem as ideias das duas no papel, tentem fechar entre vocês a empresa mais próxima do que vocês duas querem. Tomem um café e discutam objetivos, com esse material criaremos o projeto de marketing.

Quando elas saíram, pensei: “Se essa moça continuar deixando essa mulher agir dessa forma, ela jamais será sócia da empresa. Vai ser funcionária dela para sempre“. Pensando nessa frase, o meu choque foi simultâneo, porque me vi no espelho e percebi que se a escolha de tudo era dela, no meu caso, quem tinha a escolha era eu. As pessoas só agem conosco da maneira que permitimos e isso em qualquer área da vida.

Esse foi o meu primeiro passo para frente em relação a isso tudo. Nada mudou de uma hora para outra. Desse momento em diante, comecei a caminhar para a pessoa que quero ser dentro da nossa empresa, para as ideias que quero aplicar e para os bons resultados que temos quando ao invés de receber ordens, somamos as nossa ideias. E esses resultados estão acontecendo.

Não posso dizer que ele não foi culpado pelo comportamento que quase me fez desistir por muitas vezes, mas hoje tenho certeza absoluta de que permiti-lo só dependia de mim, da minha escolha e da minha postura.

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Foto: Pixabay

Ainda não estamos 100%, mas tanto ele quanto eu estamos buscando autoconhecimento e crescimento pessoal, o que faz com que a nossa jornada para sermos quem um dia queremos ser torne-se um pouco mais longa, mas penso que encontramos o caminho que deve começar pelo respeito e pela empatia… Acreditem, escorregamos muito ainda, mas estamos caminhando.

Sempre brinco que sociedade é um casamento, mas vou mudar para um relacionamento que é algo mais amplo. E creiam, não há relacionamento bom quando uma das partes é oprimida!

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Uma resposta para "Insegurança: Meu maior desafio como sócia-proprietária"

— Moda Sem Crise - 21, janeiro 2017 às (15:22)

[…] MARIA – No último texto da coluna (Insegurança: meu maior desafio como sócia-proprietária), relatei um pouco da minha vivência no universo empresarial e com ela, uma das dificuldades que […]

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