A equipe brasileira do movimento global Fashion Revolution não tem poupado esforços para tornar transparentes os processos cadeia de produção têxtil do Brasil. Durante a Semana Fashion Revolution, realizada entre 23 e 28 de abril, em São Paulo aconteceu o lançamento oficial do Índice de Transparência da Moda no Brasil. A iniciativa deve servir para avaliar o quanto 20 marcas com atuação no país compartilham informações relevantes a respeito de seus processos.
O índice que está sendo elaborado com o apoio da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (ABVTEX), nesta primeira edição avalia as seguintes marcas: Animale; Brooksfield; C&A; Cia Marítima; Ellus; Farm; Havaianas; Hering; John John; Le Lis Blanc; Malwee; Marisa; Melissa; Moleca; Olympics; Osklen; Pernambucanas; Riachuelo; Renner; e Zara.
De acordo Aron Belinky, coordenador do Programa de Produção e Consumo Sustentáveis do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (FGV-CES), as empresas foram escolhidas em função do volume de produção, movimentação financeira, relevância do ponto de vista da memória do consumidor e representatividade.
O trabalho é inspirado no Fashion Transparency Index – publicado em inglês em abril de 2017 pela equipe de Londres, e em português após ser traduzido pela equipe brasileira, em novembro do mesmo ano – o Índice de Transparência na Moda avaliou 100 marcas globais, entre elas duas brasileiras, Renner e Pernambucanas. “Na versão internacional, o primeiro ano foram avaliadas 100 marcas e ampliaram em 2018 para 150. Aqui no Brasil a gente espera que nos próximos anos tenhamos mais marcas. O objetivo do índice é a divulgação pública de informações sobre a cadeia de fornecimento dessas marcas. Ela [a marca] vai pontuar independente de dizer que tem práticas boas ou ruins. Importante é a disponibilidade da informação. A ideia é gerar transparência”, afirmou Belinky.
Assim como a versão inglesa, o estudo vai avaliar e pontuar os seguintes critérios: Políticas e Compromissos; Governança; Rastreabilidade; Conhecer, Comunicar e Resolver; e Problemas em Destaque. No entanto, a metodologia precisou passar por uma adaptação. Cada marca avaliada pode somar no máximo 150 pontos. As notas são atribuídas por critério, valendo respectivamente no máximo 48 pontos; 13 pontos; 85 pontos; 74 pontos; e 30 pontos. O que significa que no Brasil a rastreabilidade e conhecer, comunicar e resolver são as questões que mais pesam no índice.
O índice global é financiado pela C&A Fundation. E no Brasil está sendo financiado pelo Instituto C&A. “De acordo com as nossas políticas de neutralidade e de segurança e análise de dados, entendemos que poderia ser uma financiadora com potencial e o projeto assim como no global está aberto para co-financiamentos. A gente pretende estabelecer edições futuras. A ideia é estabelecer que isso aconteça ano a ano e que esse tipo de análise sirva de comparação para a evolução das próprias marcas e uma comparação da evolução do mercado entre uma marca e outra”, afirmou Eloisa Artuso, coordenadora do projeto.