O empreendedorismo tem atraído muitos jovens. Só para se ter uma ideia, em 2017, de acordo com o Sebrae, a participação de pessoas entre 18 e 34 anos no total de empreendedores em fase inicial subiu de 50% para 57%, ou seja, 15,7 milhões de jovens abriram algum tipo de negócio. Mas, o empreendedorismo não tem idade. E mesmo quem já passou dessa fase e por carreiras consolidadas, tem investido no propósito e no criar.
Moradora da cidade do Rio de Janeiro, Gita Vanderlei Coelho, de 54 anos, aprendeu a trabalhar com acessórios artesanais e autorais dez anos atrás. Mas foi no ano passado que decidiu investir em seu negócio e criar sua marca. Já Edith Schmidt, de 55 anos, fotógrafa, nem sempre se apresentou com essa profissão, isso porque até os 48 anos, ela foi designer e sócia de uma agência de comunicação.
E quanto mais empoderadas, mais protagonistas as mulheres se tornam no universo do empreendedorismo brasileiro. De acordo com pesquisas conduzidas pelo Sebrae, nos últimos três anos, o número de mulheres empreendedoras à frente de novos negócios tem sido maior que o número de homens.
Em 2016, segundo o GEM, 51,5% dos novos negócios brasileiros estavam nas mãos de empreendedoras. Atualmente, as mulheres representam 24 milhões de empreendedoras no país, já o número de homens é pouca coisa maior, eles são 25,4 milhões. E frente aos novos negócios, as mulheres seguem assumindo a ponta. Os dados divulgados recentemente a respeito mostram que 14,2 milhões de novos negócios foram criados por mulheres, enquanto os homens somam 13,3 milhões.
Empreendedora encontrou no trabalho manual uma maneira de superar a Síndrome do Pânico
Diagnosticada com Síndrome do Pânico, Gita Vanderlei Coelho ouviu o conselho de sua terapeuta que sugeriu que fizesse algum trabalho manual dez anos atrás. “Quando saí do consultório me deparei com uma loja que vendia peças para montagem de bijuterias. Para minha surpresa comecei a vender para minhas amigas. E descobri que tinha um potencial criativo que desconhecia”, conta.
O trabalho manual ajudou Gita em seu tratamento. Ela afirma que a ajudava a controlar a ansiedade, já que o foco estava em suas criações. Depois de alguns anos montando a peça, Gita interrompeu os trabalhos. Mas, ano passado voltou a engrossar o coro das empreendedoras brasileiras.
“Retornei ano passado com um perfil profissional [nas redes sociais], criei uma marca, a Feita Por Gita, criei uma logo. E cada vez me apaixono mais pelo universo criativo. Participei de alguns eventos e percebi que precisava de um nicho. E comecei a trabalhar com a questão da consciência ambiental. Comecei a criar peças sustentáveis”, disse a artesã que antes trabalhava com captação de recursos para uma ONG ambientalista, em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, escrevendo projetos socioambientais. “Hoje, parte do valor arrecadado com as vendas vai para doação para o plantio de mudas de Mata Atlântica, em Nova Iguaçu”, celebra.
Seu trabalho envolve a criação de peças autorais. Para isso, usa cápsulas descartáveis de café, cascalho, sementes, folhas. “Tudo que eu olho e vejo que pode virar arte, trago para casa. Se as pessoas soubessem como é legal abrir espaço para a criatividade. De modo geral somos muito ansiosos e tira o foco da ansiedade o envolvimento com o colorido da vida. Empreender não é fácil. Mas também pode ser gratificante, pois é um universo que se abre. Tenho feito cursos, participado de eventos. Ainda não vi o lucro financeiro, mas já vi um lucro emocional muito grande. E tenho aprendido muito. E o que mais aprendi foi reconhecer meus limites e a respeitá-lo.”
Do sonho do negócio autônomo à realidade da expansão
Edith Schmidt ao longo do tempo em que foi sócia de uma agência de comunicação também trabalhava com fotografia fazendo fotos de amigos e conhecidos, até que decidiu, segundo ela, por um empurrãozinho da vida, entrar com tudo no mundo das câmeras. Aprendeu a gerir o próprio negócio e seu próximo passo é abrir um estúdio em seu apartamento e manter o investimento em novos equipamentos de trabalho.
Foi assim que Edith mudou da água para o vinho. Da sociedade para o home office, da criação artística em softwares de edição para as planilhas de fluxo de caixa. “Minha maior dificuldade no começo foi organizar as contas. As amigas me ajudavam com templates de planilhas para gerenciar entradas e saídas de fluxo do caixa, mas sempre acabava perdendo o prazo de cobrar clientes em serviços parcelados, por exemplo”, diz a empreendedora que para dar conta do recado investiu em uma plataforma para a gestão do negócio.
Após uma mudança organizacional, Edith foi mais longe e passou a terceirizar a contratação de fotógrafos freelancers, quando os eventos eram maiores. Em processo de mudança do nome do negócio para Edith Schmidt Fotografia e com a criação de um estúdio dentro do seu apartamento, potencialmente virão novos clientes e entregas de produtos (álbuns, books etc).
“Todo empreendedor sabe que a tarefa de gerir por conta própria, da contabilidade aos investimentos em materiais, não é fácil. Mas todo empreendedor também sabe – ou deveria saber – que é preciso estudar, se informar e foi o que eu fiz”, conta a fotógrafa. Edith aproveita ainda para complementar sobre a divisão das finanças: “Parece óbvio, mas a necessidade de separar as contas de pessoa física e pessoa jurídica não é percebida com a rapidez que deveria”.
Com informações da Intuit