Cuidar, compartilhar, contribuir, colaborar. Caminhos da economia compartilhada para um futuro sustentável. Passos dados por algumas iniciativas que tentam amenizar os impactos da sociedade no meio ambiente, assim como tem feito o Armário Coletivo. Desenvolvida em Florianópolis, Santa Catarina, a iniciativa surgiu, em 2014, de uma simples ação para fazer com que objetos em desuso tivessem suas vidas estendidas e atendessem o maior numero de pessoas possíveis. Após espalhar a ideia pela Capital catarinense, o projeto que propõe o compartilhamento de itens em vias públicas quer partir agora para outras cidades e estados brasileiros.
Tudo começou quando Carina Zagonel, mentora do projeto, ao limpar os armários do filho, encontrou um par de tênis que ele não usaria mais. O bom estado dos calçados a fez ficar em dúvida sobre como fazer para que aquele objeto chegasse a outra pessoa. “Eu queria agir diferente, não queria levar uma peça em um lugar para doação como sempre fazemos. Então, eu lembrei de um menino ali do meu bairro que sempre andava de chinelo no inverno e no verão e pensei: vou doar esse par de tênis para ele. Mas eu com meu preconceito fiquei pensando: como é que a família dele vai interpretar eu dar a ele algo usado, né? Como o meu ateliê fica embaixo da minha casa, coloquei uma plaquinha escrito: ‘deixe aqui o que você não quer mais, mas pode servir pra outro’ e deixei o tênis embaixo da plaquinha”. O resultado foi bem melhor do que o esperado. Embaixo da placa, começaram a surgir diversos objetos, desde roupas, livros, até utensílios de casa e decoração.
Com um ano da iniciativa, Carina percebeu que os objetos compartilhados precisavam de mais organização e decidiu, em parceria com seu marido, construir de forma simples um armário para que todos fossem acomodados. “Não pensamos em design nem nada. Nós trabalhamos com material de reuso. Eu e meu marido temos uma pegada boa de marcenaria e mosaico”, conta. E assim, surgiu o primeiro Armário Coletivo de Florianópolis.
A construção serviu como um incentivo a mais para que as pessoas compartilhassem e participassem da ação, que foi instalada em mais locais da cidade. De lá para cá, são três anos de ação. E atualmente, a iniciativa soma 11 armários espalhados por Floripa. Juntos, eles recebem cerca de 330 objetos por dia, uma média de 30 itens em cada um, com grande rotatividade, economizando cerca de R$ 9 mil por mês em gastos.
Segundo, Zagonel a comunicação é feita de forma simples. “Tem parte da minha equipe que acha que a comunicação tem que ser maior. Eu já sou da opinião que não precisa e que as coisas têm que ser mais instintivas. Por isso algum dos armários tem mais comunicação, mas esse que fica perto da minha casa, na zona rural da cidade, não. Até porque, eu estou sempre por ali e as pessoas sempre conversam comigo.”
Questionada sobre o público para o qual a proposta é destinada, Carina responde: “A todas as pessoas. Não há um foco, como por exemplo, na população em situação de rua. O Armário Coletivo foi pensado para todos, pra quem mora na rua ou não. A economia compartilhada não tem a ver com assistencialismo nem com doação. Então quando deixamos as coisas no armário, não estamos doando, estamos compartilhando”.
Proprietária do Ateliê de Ideias há 20 anos, Carina já tem a sustentabilidade como filosofia de vida. “O meu estilo de vida tem totalmente a ver com o conceito do armário. Nós produzimos arte fazendo uso da matéria-prima de reuso, que pegamos na rua ou recebemos em doação. Eu vejo o lixo de outra forma e sei que com criatividade podemos transformar tudo. Esse é o nosso estilo de vida há muito tempo, então as pessoas acreditam em nós e abraçam o projeto. O engajamento das pessoas é nosso maior avanço”, relata Carina.
A empreendedora explica que já encontrou iniciativas semelhantes fora do país, mas nada parecido no Brasil e tem como maior desafio tornar a proposta sustentável, por isso, está em busca de editais para ampliá-la levando para outras cidades. E há a possibilidade ainda de que pessoas se associem à inciativa, reproduzindo o conceito e formato, para levá-la ainda mais longe.
“Para participar, os interessados em promover o armário precisam ter atitude, engajar os vizinhos, mobilizar a associação do bairro e criar uma rede de pelo menos dez pessoas que tenham esse interesse em comum. O segundo passo é mapear um lugar legal que não atrapalhe o fluxo. E o terceiro é a construção do armário que precisa ser bem seguro e estruturado. Além disso, deve-se seguir exatamente os conceitos da economia compartilhada deixando bem comunicado. Para isso, cedemos toda a nossa comunicação gráfica”, explica.
O recado está dado para que essa rede cresça ainda mais. Quem se anima?
Para saber mais acesse o Guia de Uso do Armário Coletivo
Outras informações acesse o site do projeto Armário Coletivo
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