O design de moda é uma expressão humana individual e coletiva. É manifestação de identidade e personalidade, ao mesmo tempo que serve como fator de identificação de um grupo. Ela é veículo de comunicação de todos os seres humanos que vivem socialmente, uma vez que é necessário vestir o corpo para se relacionar com outros. Em uma sociedade onde a nudez não é permitida publicamente, todos corpos inevitavelmente se relacionam com a moda. Mas nem todos corpos têm acesso a ela.
O design de moda ainda segue muitos padrões e se fecha para as diferenças dos corpos reais. Diferentes silhuetas, movimentos, tamanhos, sentidos e linguagens são desconsiderados por toda a cadeia de produção e criação, vendas, publicidade, marketing e comunicação de moda: os corpos das pessoas com deficiência.
Esse público não é pequeno nem no Brasil, nem no mundo. Ele representa no nosso país quase 25% do total da população, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2010. E esse número vai crescer exponencialmente devido ao aumento da idade média e dos índices de violência do país. E mesmo assim eles são invisíveis para grande parte da sociedade. Pela falta de acessibilidade física, informacional, atitudinal, esses corpos têm dificuldade de se comunicar e se relacionar com os corpos padrões criados pelo sistema da moda.
Existem inúmeras diferenças entre corpos que possuem algum tipo de deficiência: visual, auditiva, física, intelectual. Cada um deles possui uma necessidade para acessar a moda. A pessoa com deficiência visual precisa enxergar os elementos da moda a partir da sua descrição, precisa de etiquetas com as informações das peças, além do piso tátil para acessar a loja u site acessível para comprar online. Já as necessidades do deficiente físico são outras, ele precisa de roupas adequadas para poder andar na cadeira de rodas, ou com muletas, além de peças que consiga vestir e lojas com rampas, espaço adequado para que consigam acessar.
Precisamos evoluir para uma moda que enxerga outros corpos. Uma moda que dá acesso as pessoas com deficiência e também reconhece sua existência no mundo. Esses corpos invisíveis fazem parte da sociedade e precisam ser incluídos e representados na comunicação de moda, na fotografia, publicidade, desfiles, revistas, editoriais. Eles precisam de acessibilidade e representatividade para podem se vestir. Os corpos invisíveis estão entre nós e esperam pelo dia que poderá pertencer a moda.