Uma vendedora de histórias! É assim que se define Adriana Costa, proprietária da marca Ágama Bolsas. Preparando sua coleção 2018, a empreendedora, que produz bolsas e acessórios ecológicos e veganos, conversou com o Moda Sem Crise e contou como reconheceu sua realização profissional dentro da moda sustentável.
Apesar de ter crescido em um ambiente no qual a costura e produção de artesanato sempre estiveram presente, a moda não foi a primeira opção de carreira para Adriana. “Minha mãe e minhas tias sempre costuraram, mas quando fiz uma vivencia de cursos dentro da universidade, não me identifiquei muito com moda e achei as pessoas muito com nariz empinado e vi que aquilo não era muito pra mim. E na época minha mãe havia dito que fazer hotelaria era algo novo e que seria legal investir, então, eu fiz e trabalhei por 10 anos na área na parte de eventos”, relembra.
Ao passar por um período de estresse e depressão, aos 28 anos a empreendedora optou por deixar a carreira no segmento hoteleiro, porém sem ter algo em vista. “Comecei a me planejar para ter qualidade de vida. Eu já fazia vários tipos de artesanato e depois de participar de uma palestra de foco, que ganhei do meu noivo, nesse mergulho de autoconhecimento, fui buscar o que aprendi na infância, com a minha mãe e unindo à minha paixão por bolsas, decidi partir para essa área.”
Adriana participou de cursos para aperfeiçoar sua técnica e se destacar no mercado, porém só encontrou sua fórmula e também o surgimento de sua marca ao se deparar com o descarte indevido de resíduos feito pela indústria têxtil. Esse estímulo serviu para que a empreendedora desse um passo em busca de meios para reverter a situação. “Um dia vi uma representante de uma indústria têxtil descartando um monte de tecidos e pedi para que ela me desse aquele material. A partir de então, comecei a me interessar e a pesquisar sobre reciclagem de tecido. E de ver a possibilidade de não comprar e sim reaproveitar aquele material. Foi assim que surgiu o DNA da minha marca. Fui me adaptando ao que eu tinha em mãos, pois Ágama é um camaleão africano e ele se adapta aí ao meio ambiente em que ele está e pra mim isso casou perfeitamente”, explica.
A falta de conhecimento teórico em moda, aliada a falta de planejamento financeiro para iniciar a empresa foram para Adriana os grandes desafios durante os quatro anos de sua marca, mas também foram importantes para que a empreendedora estabelecesse parcerias para realizar o seu trabalho. “Quando comecei, não tinha tanta informação sobre o que é empreender. Hoje tem várias plataformas falando sobre. O Sebrae veio com mais força. E eu não tive planejamento, abri com um dinheiro que eu tinha, fui investindo e deu certo. O investimento financeiro é o pior. Mas eu não deixo de fazer nada por falta de dinheiro, eu escambo, troco, faço permuta. Empreender é bom pelas parcerias e também pela flexibilidade de trabalho. E prefiro empreender do que voltar para o mercado de trabalho.”
Atualmente, a Ágama conta com uma social media para sua divulgação, além da parceria com uma consultora de moda, para suprir os conhecimentos teóricos. E mais do que vender e criar tendências, Adriana diz se policiar para por em prática o real sentido da sustentabilidade. “Eu tenho parceria com algumas indústrias que me repassam os tecidos que descartam, com o Banco de Tecido, com algumas costureiras, uso matéria de reaproveitamento, principalmente os tecidos e mesmo assim, eu tenho uma preocupação com o meu resíduo e os acessórios entram por causa disso. E vou tentando criar onde eu consiga aproveitar tudo descartando só o que for necessário e ainda assim levo para reciclagem.”
Além de manter uma relação sustentável com o resíduo que recebe e o com o que produz, Adriana conta que busca manter uma relação sustentável com suas clientes e também educá-las. “Toda vez que eu vou ao Banco de Tecido ou na indústria têxtil, me sinto como se estivesse resgatando uma vida. Fico feliz em ver que está havendo uma prolongação de vida. Por isso, busco conscientizar as pessoas por meio da minha marca. Há ainda um pouco de preconceito em relação ao material de reuso, sobre o preço do produto. As pessoas não entendem que é material de reuso, mas há um custo para buscar o material para se confeccionar aquilo.”
Mas mesmo com todos os percalços, a empreendedora consegue visualizar suas conquistas e também o crescimento de sua marca. “É muito gratificante ver quando as pessoas gostam do produto. Meu ateliê é pequeno, dentro da minha casa, e é tão bom ver o alcance grande que ele tem quando damos entrevistas para outros países, quando contamos com parcerias no exterior e ver quando vemos nossas clientes nos marcando fotos no Instagram”.
Em 2017, a Ágama, que contou com parcerias como Fundação Volkswagen e Dudalina, utilizou em sua produção 17kg de tecidos que foram impedidos chegar aos aterros sanitários. E para 2018 prepara mais crescimento e investimento em sustentabilidade. “Este ano, queremos parceria com outras marcas para trabalharmos com colaboração. Temos dois cursos, um para janeiro e outro para fevereiro, no qual queremos mostrar que é possível usar o sustentável para se manter. Também quero expandir a relação com fornecedores e de revenda em outros estados. Quero estar mais perto dos clientes e transmitir a história daquele tecido até se tornar bolsa. Quero mostrar que eu não vendo bolsas, eu vendo histórias”, completa.
Ágama Bolsas: Site | Facebook | Instagram
*Importante: Esta publicação é parte do resultado do Concurso Cultural Arquitetando Meu Negócio de Moda realizado nos meses de junho e julho de 2017 pelo Moda Sem Crise em parceria com o Lab Fashion e IBModa. Ressaltamos que nos publiposts só fechamos parcerias com marcas que dialoguem com o viés editorial do site, ou seja, são produtos que a gente realmente curte, OK!?
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